Tudo sobre China
Em um centro de pesquisa agrícola em Xangai, na China, cientistas observaram as primeiras espigas maduras de arroz provenientes de sementes cultivadas no espaço.
Seis sementes de arroz foram enviadas à estação espacial Tiangong em 2022, a bordo da missão Wentian – primeiro módulo de pesquisa do laboratório orbital chinês. Ao longo de 180 dias, taikonautas (designação para astronautas da China) da missão Shenzhou-14 conduziram experimentos com esses grãos, cultivando 59 sementes em órbita a partir deles.
Ao retornarem para a Terra, algumas foram selecionadas para cultivo em uma sala de clima controlado, e o processo gerou cerca de 10 mil sementes adicionais, que foram plantadas em campos agrícolas para uma colheita em maior escala.
China’s space-bred rice harvest is in!
After 100 days of growth, seeds cultivated on China’s space station Tiangong in 2022 have yielded plentiful crops on Earth. For more: https://t.co/QCgFSPZCV0 pic.twitter.com/YGS4B7g4n1— China Xinhua News (@XHNews) November 6, 2024
Zheng Huiqiong, pesquisadora do Centro de Excelência em Ciências Moleculares de Plantas da Academia Chinesa de Ciências, que lidera os estudos com o chamado “arroz espacial”, revelou à agência de notícias Xinhua as descobertas iniciais sobre as gerações resultantes.
Segundo ela, os resultados mostram que o arroz cultivado no espaço mantém capacidade de reprodução na Terra, demonstrando que seria possível produzir alimentos em ambientes espaciais. A técnica de reprodução espacial expõe as sementes à radiação cósmica e à microgravidade, provocando mutações genéticas. De volta ao nosso planeta, essas mutações são avaliadas para identificar características vantajosas, como maior produtividade, resistência a doenças e ciclos de crescimento mais curtos.
Leia mais:
O cientista Zhao Hui, professor sênior da Universidade de Pequim e pesquisador da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial, disse que as mutações ocorrem apenas nos genes das próprias sementes, o que é diferente de alimentos geneticamente modificados, em que há transferência de outras espécies de alimentos.
Arroz doce?
Medições apontaram maior teor de proteínas, além de níveis significativamente mais altos de glicose e frutose no “arroz espacial”. Isso significa que ele pode ser mais doce.
A pesquisa indicou ainda que as folhas são mais esparsas, o que impede o cultivo em alta densidade. Estudos futuros buscarão entender melhor essa característica e propor possíveis ajustes moleculares.
O experimento na estação Tiangong é inédito por completar o ciclo de vida do arroz, desde a germinação até a reprodução em órbita. Esse tipo de cultivo antes só havia sido realizado na Estação Espacial Internacional (ISS), com erva-estrelada, canola, ervilha e trigo.